“Nem por decreto iremos derrubá-la”

Galhos compridos, copa frondosa e, em cada folha, um punhado impagável de histórias. É dessa forma que se apresenta a velha figueira, plantada no pátio da casa da merendeira aposentada Neiva Garcia da Rosa, 70 anos, na rua Modesto Garcia, no município de Taquaruçu do Sul.

De Triunfo para Taquaruçu

Neiva, acompanhada de sua irmã Alda, contou que a figueira, que tem 78 anos, foi trazida por seu pai Francisco e sua mãe Leontina (ambos in memoriam), do município de Triunfo-RS, pois achavam esse tipo de árvore bonito, além de ser característico dessa região do Estado.

A muda foi plantada no terreno onde hoje mora Neiva e que abrigava a casa de seus pais, construída pelo seu avô, Modesto Garcia, que dá nome à rua onde fica localizada.

– Segundo nosso pai contava, meu avô tinha uma serraria em Taquari-RS e disseram que na região de Palmeira das Missões havia bastante mato. Então ele gostou e se mudou pra cá, trazendo consigo o engenho, que foi um dos primeiros de Taquaruçu, isso tudo na década de 30 –, contaram as irmãs.

As lembranças da infância

A figueira cresceu, se desenvolveu e, de uma simples muda, tornou-se uma árvore grande e majestosa, local de muitas alegrias e momentos em família, passados com Alda, Neiva, seus pais e seus outros dez irmãos (Ivo-in memoriam; Emília; Amália; Neila; Evaldo; Leda- in memoriam; José, Luiz, Áurea e Jorge).

– Uma lembrança forte que temos é do balanço feito pelo nosso pai. Ele era de corrente e madeira, e foi instalado em um dos galhos da árvore. A gente voava! Embaixo da figueira fizemos também vários almoços e reuniões em família, foi gravado até um programa “Gaúcho para Gaúcho” aqui –, ressaltaram Neiva e Alda.

Patrimônio da cidade

Hoje, a figueira é considerada uma marca do município, inclusive com diversas “filhas” suas plantadas pela cidade e não há o menor sinal de que um dia possa ser derrubada.

– Nem por um decreto iremos derrubar a figueira, já sofremos para podá-la, ela é parte do município. Todos os dias tem gente tirando fotos, fora que todo ano vem turmas de alunos só por causa da árvore –, finalizaram as irmãs.