Uma alternativa rentável para substituir tradicionais culturas de inverno parece ter conquistado uma família de produtores rurais do interior de Taquaruçu do Sul. Há cerca de cinco anos, Volnei e Vanilde Albarello trocaram o plantio do trigo ou aveia pela couve-flor e, apesar da falta de conhecimento sobre a atividade no início, não se arrependem. “Foi um vendedor de uma empresa de Lagoa Vermelha que nos ofereceu a proposta de plantar para a Nutriz Comércio de Alimentos. Não íamos fazer nada na lavoura naquele período, foi uma surpresa positiva”, relembra o agricultor.
A área destinada para a couve-flor é de quatro hectares, com plantio entre maio e junho e colheita no mês de setembro. “Apesar de não exigir muita umidade, assim como o brócolis, neste ano, em virtude das altas temperaturas e pouca chuva, foi necessária a irrigação umas três a quatro vezes durante o ciclo”, explica Albarello. Como a família já possuía um pivô, garantir a safra foi mais tranquilo. Como a lavoura apresenta um alto custo, não é aconselhável arriscar perder a produção por falta de água”, acrescenta.
De acordo com o agricultor, o custo por hectare gira em torno de R$ 12 mil, mas a lucratividade compensa. “Esse ano tivemos uma safra recorde, colhemos cerca de 80 toneladas e comercializamos a R$ 1,30 o quilo. Como há a parceria com a empresa, a venda é garantida. Não pretendemos parar com o plantio enquanto mantivermos esse contrato, até porque não prejudica o plantio de milho no verão”, comemora.
Apesar da adaptação ao clima e ao solo, plantar couve-flor exige cuidados. “É necessário fazer a pulverização uma vez por semana, e manter uma boa adubação. Além disso, na hora da colheita, faça chuva ou faça sol, é necessário colher, e isso é manual, dá muito trabalho. Porém, se não for feito e a planta ficar mais de dois dias na lavoura após o ponto de colher, a planta está perdida”, alerta o produtor.
Custeio é garantido
Conforme explica o extensionista rural do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Taquaruçu do Sul, Mateus Ariel Cargnin, a couve-flor é uma cultura que se adaptou muito bem para o período de inverno no município. “Em grande escala, a família Albarello é a única que se dedica ao plantio, mas outros agricultores do município atendem ao comércio local. Acredito que essa pode ser uma boa alternativa também para outros produtores”, avalia.
A possibilidade do agricultor fazer o custeio da lavoura, via instituições financeiras, é outro ponto positivo, já que, apesar de ter um elevado custo de produção, a rentabilidade com a atividade também é boa. “Como é uma cultura zoneada para a região, isto é, há estudos técnicos que avaliam o risco climático que ela tem, a lavoura pode ser financiada, o que dá uma garantia ao agricultor no caso de intempéries, com possibilidade de recorrer ao seguro agrícola”, destaca o técnico.